quarta-feira, 22 de junho de 2011

Inverno: Cuidado redobrado com os pés



O cuidado com os pés dos diabéticos nesta estação deve ser redobrado no sentido de se observar quaisquer alterações. Deve-se estar sempre atento, pois o hábito de observar os pés pode evitar que pequenas alterações tornem-se problemas mais sérios no futuro.
Deve-se observar a coloração da pele, a sua temperatura e textura, bem como se há a presença de pequenas lesões em forma de bolhas ou descamações. Ao menor sinal de mudanças é recomendável procurar o médico.
Se a coloração da pele estiver mais escura que o normal e se a temperatura estiver mais fria que o normal, pode ser sinal de problemas vasculares periféricos. Isto ocorre principalmente em pacientes com Diabetes Mellitus do tipo 2, ou em pacientes diabéticos do tipo 1 que já têm a diabetes há muitos anos e apresentam complicações renais e na circulação periférica devido ao longo tempo de mau controle glicêmico.
As sequelas na circulação periférica podem ser dolorosas, mas a neuropatia (pé diabético), que causa insensibilidade, pode progredir silenciosamente. Por isso a necessidade de se observar atenta e constantemente os pés, podendo o próprio diabético se auto-examinar, ou então solicitar a terceiros (familiares ou cuidadores) que o examinem quando não se consegue realizar o exame sozinho.
Alguns outros cuidados devem ser tomados, como, por exemplo, quanto ao uso de meias (estas devem ter o mínimo de costuras e não devem ter elásticos apertados, pois estes funcionam como torniquetes ao apertarem o tornozelo ou a panturrilha). As meias devem ser trocadas todos os dias, e bem lavadas, para se evitar a umidade excessiva da pele, o que pode causar infecções por fungos (frieiras), que são muito comuns nesta época do ano, devido ao uso constante de calçados fechados.
É muito importante, também, evitar-se o uso de meias furadas ou cerzidas, principalmente por diabéticos com problemas de circulação periférica, pois os buracos ou costuras podem, com o atrito, causar lesões que, com o tempo, evoluem para calosidades, bolhas ou até úlceras, devido ao fato de o paciente ter pouca ou nenhuma sensibilidade periférica.
Deve-se cuidar também quanto ao uso de aquecedores ou lareiras, pois a falta de sensibilidade nos pés pode impedir que a pessoa sinta a temperatura alta demais, aumentando desta forma a possibilidade de uma queimadura, como já houveram relatos em países frios de casos de queimaduras graves que resultaram em amputações de membros inferiores.
Quanto aos calçados, é importante escolher sempre modelos confortáveis e com poucas costuras, observando-se sempre o espaço para a acomodação dos pés, que deve sempre respeitar o comprimento, a largura e a altura certa para os dedos, não devendo causar nenhum tipo de atrito. O ideal é comprar os sapatos sempre no final da tarde, quando os pés já estão um pouco mais inchados, para se evitar maiores surpresas ao se usar o sapato pela primeira vez.
A higienização dos pés deve ser feita sempre com água em temperatura morna, evitando-se os excessos (tanto para quente como para fria), e utilizando-se um sabonete neutro. Deve-se sempre secar bem os pés com uma toalha macia, principalmente entre os dedos, para evitar que o local fique úmido, o que causa o desenvolvimento de micoses. É importante também manter a pele sempre hidratada, evitando-se o uso de hidratante entre os dedos.






segunda-feira, 28 de março de 2011

Hipoglicemia: A importância de uma ação imediata


As suas causas podem ser variadas e surgir em qualquer idade do indivíduo. As suas formas mais comuns, moderada ou severa, ocorrem como uma complicação no tratamento da diabetes mellitus com insulina ou medicamentos orais.
Embora a hipoglicemia possa causar uma variedade de sintomas, o problema principal de sua condição decorre do fornecimento inadequado de glicose como combustível ao cérebro, com prejuízo resultante em suas funções (neuroglicopenia). Os desajustes nas funções cerebrais podem variar desde um vago mal-estar até ao coma e, mais raramente, a morte.
Os endocrinologistas geralmente consideram os seguintes critérios (a denominada "tríade de Whipple") para determinar se os sintomas de um paciente podem ser atribuídos a uma hipoglicemia:
  1. Os sintomas parecem ser causados por hipoglicemia;
  2. glicemia encontra-se baixa no momento da ocorrência dos sintomas; e
  3. Há reversão ou melhoria dos sintomas quando a glicemia é normalizada.
Esses critérios, entretanto, não são unânimes, o próprio valor limite que define uma hipoglicemia tendo sido fonte de controvérsias. De qualquer forma, o nível de glicose plasmática abaixo de 70 mg/dL ou 3,9 mmol/L é considerado hipoglicêmico.

Presença ou ausência de sintomas

Pesquisas mostram que a eficiência mental diminui levemente mas de modo sensível quando a glicemia cai abaixo de 65 mg/dL (3,6 mM), em adultos saudáveis. Os mecanismos de defesa hormonal (adrenalina e glucagon) são ativados assim que a glicemia passa por limiares (cerca de 55 mg/dL ou 3,0 mM para a maioria das pessoas), produzindo tremores e disforia. Por outro lado, não ocorre com freqüência um prejuízo de capacidade mental até que a glicemia caia abaixo de 40 mg/dL (2,2 mM), e até 10% da população pode eventualmente ter níveis de glicose abaixo de 65 (3,6) pela manhã sem efeitos aparentes. Os efeitos da hipoglicemia, chamados de neuroglicopenia, é que determinam quando um certo nível glicêmico é realmente um problema ao indivíduo.
É preferível que a pessoa com hipoglicemia use tanto os sintomas quanto os dados numéricos de seu glicosímetro para determinar as medidas a serem tomadas. É fácil notar hipoglicemia quando o valor lido é 50 mg/dL (2,8 mM); porém, um paciente que está com a diabetes descompensada e freqüentemente lê valores acima de 200 mg/dL (11,1 mM) pode sentir sintomas de hipoglicemia quando o nível de glicose no sangue chegar a valores "normais" de 90 mg/dL (5,0 mM). Neste caso, a pessoa não apresenta uma hipoglicemia clássica, mas terá alívio de sintomas com o tratamento rotineiro para hipoglicemias. Além disso, quando a glicemia diminui a uma taxa rápida, também podem surgir sintomas de hipoglicemia.
Este critério é por si só complicado de se admitir pelo fato de os sintomas da hipoglicemia serem vagos e poderem ser produzidos por outros motivos; além do que, quando a pessoa passa por níveis baixos de glicemia com recorrência, ela pode perder a sensação de limiar, de forma que pode haver agravamento de seus sintomas (por neuroglicopenia) sem que ela note. Para completar a dificuldade, os glicosímetros são inexatos para baixos valores, o que descredita a sua utilidade nessas horas.
Sinais e sintomas de hipoglicemia
Os sintomas hipoglicêmicos podem ser divididos naqueles produzidos pelos hormônios contra-regulatórios (adrenalina e glucagon), acionados pelo declínio da glicose, e naqueles produzidos pela redução de açúcar no cérebro.

Manifestações adrenérgicas (adrenalina)

  • Tremores, ansiedade, nervosismo
  • Palpitações, taquicardia
  • Sudorese, calor
  • Palidez, frio, languidez
  • Pupilas dilatadas

Manifestações do glucagon

  • Fome, borborigmo ("ronco" na barriga)
  • Náusea, vômito, desconforto abdominal

Manifestações neuroglicopênicas (pouca glicose no cérebro)

  • Atividade mental anormal, prejuízo do julgamento
  • Indisposição não específica, ansiedade, alteração no humor, depressão, choro, medo de morrer
  • Negativismo, irritabilidade, agressividade, fúria
  • Mudança na personalidade, labilidade emocional
  • Cansaço, fraqueza, apatia, letargia, sono, sonho diurno
  • Confusão, amnésia, tontura, delírio
  • Olhar fixo, visão embaçada, visão dupla
  • Atos automáticos
  • Dificuldade de fala, engolir as palavras
  • Ataxia, descoordenação, às vezes confundido com embriaguez
  • Déficit motor, paralisia, hemiparesia
  • Parestesia, dor de cabeça
  • Estupor, coma, respiração difícil
  • Convulsão focal ou generalizada
Nem todas as manifestações anteriores ocorrem em casos de hipoglicemia. Não há ordem certa no aparecimento dos sintomas. Manifestações específicas variam de acordo com a idade e com a severidade da hipoglicemia. Em crianças jovens com hipoglicemia matinal, há vômito freqüentemente acompanhado de cetose. Em crianças maiores e em adultos, a hipoglicemia moderadamente severa pode parecer maniadistúrbio mentalintoxicação por drogas ou embriaguez. Nos idosos, a hipoglicemia pode produzir efeitos parecidos com uma isquemia focal ou mal-estar sem explicação.
Em recém-nascidos, a hipoglicemia pode produzir irritabilidade, agitação, ataque mioclônicocianose, dificuldade respiratória, episódios deapnéiasudoresehipotermia, sonolência, hipotonia, recusa a se alimentar e convulsões. Também pode parecer asfixiahipocalcemiasepseou falha cardíaca.
Em ambos, pacientes de longa data ou não, o cérebro pode se habituar a níveis baixos de glicose, com redução dos sintomas perceptíveis em momentos de neuroglicopeniaDiabéticos insulinodependentes chamam a neuroglicopenia incondicionalmente de hipoglicemia, e que é um problema clínico importante quando tenta-se melhorar o controle glicêmico desses pacientes. Outro aspecto desse fenômeno ocorre em glicogenose tipo I, onde a hipoglicemia crônica antes do diagnóstico pode ser mais bem tolerada do que episódios agudos após o início do tratamento.
Quase sempre a hipoglicemia severa a ponto de ocasionar convulsões ou inconsciência pode ser revertida sem danos ao cérebro. Os casos de morte ou dano neurológico permanente que ocorreram com um único episódio envolvem ocorrências conjuntas de inconsciência não tratada ou prolongada, ou interferência na respiração, ou doenças concorrentes severas ou outros tipos de vulnerabilidade. De qualquer maneira, hipoglicemias severas podem eventualmente resultar em morte ou dano cerebral.

Causas da hipoglicemia:

Mais raramente, a hipoglicemia pode revelar:

Tratamento e prevenção

Procure sempre encontrar a causa de uma hipoglicemia. Faça os testes com o glicosímetro  regularmente para evitar que as hipoglicemias ocorram. É extremamente importante medir a sua glicemia ao deitar, para evitar que ela baixe durante o sono. Nenhum diabético deve deitar-se antes das refeições sem que lhe seja feito o teste. Jamais tome insulina antes de uma refeição se o valor for inferior a 90 mg/dl (5 mmol/l). Nestes casos, acabe a sua refeição e só depois tome a sua insulina.

Reversão da hipoglicemia aguda

O açúcar sangüíneo pode subir ao valor normal em minutos da seguinte forma: consumindo (por conta própria) ou recebendo (por outros) 10-20 g de carboidrato. Pode ser em forma de alimento ou bebida, caso a pessoa esteja consciente e seja capaz de engolir. Essa quantidade de carboidrato está contida nos seguintes alimentos:
  • 100-200 mL de suco de laranja, maçã ou uva
  • 120-150 mL de refrigerante comum não dietético
  • uma fatia de pão
  • quatro biscoitos do tipo cracker
  • uma porção de qualquer alimento derivado de amido
  • uma colher (sopa) de mel
O amido é rapidamente transformado em glicose, mas a adição de gordura ou proteína retarda a digestão. Os sintomas começam a melhorar em 5 minutos, embora demore 10-20 min até a recuperação completa. O abuso de alimentos não acelera a recuperação e se a pessoa for diabética isto simplesmente causará uma hiperglicemia mais tarde.
Se a pessoa está sofrendo de efeitos severos de hipoglicemia de maneira que não possa (devido a combatividade) ou não deva (devido a convulsões ou inconsciência) ser alimentada, pode-se dar a ela uma infusão intravenosa de glicose ou uma injeção de glucagon.
Hoje em dia já existem sachets de glicose líquida instantânea (Gli-Instan - Lowçucar), sendo que cada sachet contém 15g de glicose, aumentando em 50mg a glicemia. Desta maneira, torna-se mais fácil calcular quantos sachets a pessoa precisa ingerir, de acordo com o resultado do teste de glicemia. Estes sachets são facilmente encontrados em farmácias especializadas em diabetes, e podem ser administrados mesmo se a pessoa estiver inconsciente, pois a glicose é absorvida imediatamente quando é colocada em contato com a mucosa da boca, pois esta é bastante vascularizada, logo ela vai direto para a corrente sanguínea.
Vale lembrar que é imprescindível que se aja rápido em caso de hipoglicemia, pois quanto mais tempo a glicemia permanecer abaixo do normal, maior pode ser o dano causado ao cérebro, pois este fica sem oxigenação, podendo levar a seqüelas graves.
O diabético sempre deve alertar as pessoas de seu convívio de que se em alguma ocasião ele for encontrado desacordado e não houver um glicosímetro por perto para fazer o teste de glicemia capilar, SEMPRE lhe deve ser administrado açúcar com um pouco de água, pois se o motivo de ele estar desacordado for uma hiperglicemia, ao   receber atendimento médico lhe será administrada insulina, e a glicemia retornará ao normal facilmente. Porém, se o motivo for uma hipoglicemia, ele terá imediatamente sua vida salva. Por isso, nunca espere para agir, pois quanto antes o diabético receber glicose quando estiver com hipoglicemia, maiores são as chances de ele ter suas funções cerebrais restabelecidas.