sexta-feira, 11 de março de 2011

Contagem de Carboidratos no Controle da Diabetes

Os carboidratos são amplamente encontrados na nossa dieta. São a base da alimentação humana e idealmente devem constituir em torno de 50 a 60% das calorias consumidas diariamente.
A função deles é fornecer a energia para o funcionamento de todas as células do nosso organismo, mantendo-nos vivos. Dentro do grupo dos carboidratos, estão os cereais (arroz, trigo, milho, aveia, etc), os tubérculos (batatas, mandioca, mandioquinha, etc) e os açúcares (mel, frutose, lactose, glicose).
Os carboidratos podem ser divididos em complexos (polissacarídeos) e simples (monossacarídeos). Apenas os carboidratos simples podem ser absorvidos pelo intestino, entrar na nossa circulação sanguínea e logo entrar dentro das células, para gerarem energia. Os carboidratos complexos  precisam ser antes digeridos e transformados em monossacarídeos para depois poderem ser aproveitados pelo nosso organismo. O monossacarídeo mais famoso e importante é a glicose.
Para entrar na célula e fornecer energia ao nosso organismo, a glicose precisa de uma espécie de "chave" para se ligar. Sem essa chave, ela fica  "solta" na corrente sanguínea e vai se acumulando, causando muitos danos aos diversos órgãos. Essa "chave" à qual a glicose precisa se ligar nada mais é do que a insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, cuja falta ou ação defeituosa causa o diabetes.
Existem vários tipos de dieta utilizados no tratamento do diabetes, sendo que um dos mais utilizados atualmente é o da CONTAGEM DE CARBOIDRATOS.
Todos os diabéticos do tipo 1, assim como os diabéticos tipo 2 em terapia intensiva com múltiplas doses de insulina, ou então usando  bomba de infusão de insulina, podem utilizar a técnica para um melhor tratamento.
Sabendo-se a quantidade exata de carboidrato ingerido, o método nos permite dosar a quantidade exata de insulina a ser aplicada, evitando-se assim carboidratos demais na corrente sanguínea (hiperglicemia) ou então um nível abaixo do normal (hipoglicemia).
 A contagem de carboidratos é uma ferramenta poderosíssima no tratamento do diabetes, porém requer muita disciplina e conhecimentos no seu manuseio, conferindo desta forma muita liberdade na dieta dos pacientes que se utilizam da técnica, uma vez que os mesmos podem comer um pouco de tudo, desde que saibam a quantidade de carboidratos que estão ingerindo e apliquem a insulina ultra-rápida (NovoRapid, Humalog ou Apidra) na quantidade certa toda vez que ingerirem carboidratos (geralmente mais do que 15 gramas de carboidrato).
Alguns parâmetros que variam de pessoa para pessoa precisam ser determinados pelo médico antes do tratamento. Dentre eles está a sensibilidade à insulina e o tipo de insulina que será utilizado no esquema. O índice de massa corpórea do paciente também influencia bastante na determinação do esquema de contagem.
 Em geral, para um adulto, a necessidade de insulina  está por volta de uma unidade de insulina ultra-rápida para cada 15 gramas de carboidrato (CHO) ingeridos. Porém, esta relação pode variar de acordo com os parâmetros acima citados.
Para facilitar o seu entendimento, suponhamos que você decidiu utilizar este esquema para o seu tratamento. O seu médico já determinou que a sua sensibilidade à insulina sugere uma relação de 1 unidade de insulina ultra-rápida para cada 15g de carboidrato ingerido.
Você faz então o seguinte café da manhã:
- 1 copo de leite (240 ml)                            
- 1 colher de achocolatado
- 1 Pão francês
- 1 Fatia média de queijo
Porém, antes de se alimentar, você retira do seu bolso a tabela de carboidratos, na qual consta a quantidade aproximada de carboidratos contida nos alimentos mais utilizados na sua dieta usual, e calcula:
1 copo de leite tem 12g de Carboidratos (CHO)
- 1 colher de achocolatado tem 13g de CHO
- 1 Pão francês tem 28g de CHO
- 1 Fatia média de queijo não tem CHO
TOTAL= 53g de CHO
Para finalizar, basta dividir a quantidade total de carboidratos dos alimentos pela relação insulina/carboidrato:
 53g por 15g/U = 3,53U de insulina deverá ser aplicado para aquela refeição.
Vale lembrar também que você deve antes de tudo fazer o teste em seu glicosímetro para ver se há alguma alteração em sua glicemia, pois você também deverá corrigir esta alteração com a insulina ultra-rápida.
Logo, se você toma 1 unidade de insulina para cada 15g de carboidratos ingeridos, você deverá também tomar 1 unidade de insulina ultra-rápida por 50mg/dL de glicose a mais na sua corrente sanguínea. Por exemplo: Se em seu teste apareceu o seguinte resultado: 200mg/dL, logo você deverá tomar 2 unidades de insulina para a sua glicose chegar a 100 (o nível ideal). Aí sim, vc soma as 3,53U de insulina a serem utilizadas para baixar o nível de carboidratos do seu café da manhã às 2 unidades de insulina a serem utilizadas para fazer a correção de sua glicemia alterada, dando um total de 5,53 U (aproximadamente 5,5 unidades).
Existe uma fórmula a ser utilizada para se fazer a correção da glicemia:


Glicemia Atual (=200mg/dL) - Glicemia Ideal (=100mg/dL) = 200-100 = 2 U insulina
                    Fator de correção (=50mg/dL)                            50


Em todas as refeições estes cálculos devem ser realizados.
Para maiores informações, consulte o Manual Oficial de Contagem de Carboidratos da Sociedade Brasileira de Diabetes: http://www.diabetes.org.br/livros-e-manuais/manual-de-contagem-de-carboidratos

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